Quem assiste televisão percebe que é inevitável fugir das cenas sensacionalistas da guerra urbana no RJ.
Nesse cenário é importante destacar a fala do Deputado Marcelo Freixo - aquele do filme tropa de elite- na entrevista ao Brasil de Fato, um jornal sério, muito bom, diferente desses outros por aí sabe ?!...
Em entrevista ao jornal o Deputado pelo PSOL-RJ Marcelo Freixo destaca a ineficiência do Estado em resolver o problema da violência no Rio de Janeiro, ele destaca principalmente a falha no combate à entrada de armas e critica a forma de atuação da polícia que não trabalha com inteligência, eu diria que, metendo bala dentro da favela.
"Hoje temos um enfrentamento às favelas e não ao tráfico de armas. Não tem nenhuma ação no que diz respeito à entrada de armas, sobretudo na Baía de Guanabara e nas estradas. O enfrentamento ao tráfico de armas é frágil, ocorre mais no destino do que no caminho. E o destino é sempre o lugar mais pobre."
Não muito a falar, mas o deputado defensor dos direitos humanos explana belissimamente a falha do Estado, de forma que ficamos a mercer dos meios de comunicação que incita a classe média carioca a exigir tropas federais dentro de suas ruas. E o apelo dessa classe é mais uma vez atendido, hoje chegou ao RJ 6 tanques de guerra da marinha brasileira para enfrentar o crime organizado dentro de comunidades muito povoadas, pensando no que fala o deputado na entrevista, é óbvio que seria mais inteligente realizar um trabalho verdadeiro de combate à entrada e produção de armas dentro do Brasil.
Realizar o combate ofensivo dentro das comunidades só gera mais violência, mas o trabalho de prevenção é muito vagaroso para surtir efeitos antes da realização da copa do mundo, olimpíadas, etc ...
É mais importante fazer torneio para gringo ver do que garantir verdadeiramente a segurança e os direitos dos cidadãos e cidadãs dessas comunidades.
Pra frente Brasil, salve a seleção ...
Quanta semelhança não pode ser mera coincidência
Confira a entrevista completa no Jornal Brasil de Fato ou viaje por aqui mesmo.
Ocupação militar das comunidades desencadeou ataques
Para deputado Marcelo Freixo, as UPPs e os muros construídos nas favelas têm a mesma função: viabilizar as Olímpiadas
25/11/2010
Jorge Américo
Radioagência NP
Depois de inúmeros arrastões e mais de 50 automóveis e ônibus incendiados por traficantes no Rio de Janeiro, o governo do estado iniciou uma operação que contará com equipamentos de guerra. Nesta quinta-feira (25), o Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) recebeu o apoio de seis tanques blindados da Marinha para intensificar as ações nas favelas cariocas.
Desde o último domingo (20), 25 pessoas morreram e outras 150 foram presas. A Secretaria de Segurança Pública informou que 22 mortes ocorreram em confrontos entre policiais e traficantes. Em entrevista à Radioagência NP, o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol-RJ) afirma que a ação dos traficantes é um revide contra a presença das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora).
O deputado faz críticas à política de segurança no estado e questiona a falta de combate ao tráfico de armas. Ele afirma que as UPPs têm o objetivo de fazer uma ocupação militar para facilitar a retirada dos moradores das áreas consideradas importantes para a realização das Olimpíadas de 2016. A presidente eleita Dilma Roussef anunciou que implantará esse modelo de policiamento nos demais estados brasileiros.
Radioagência NP: Marcelo, o atual clima de violência no Rio de Janeiro é uma surpresa?
Marcelo Freixo: Era previsível que alguma coisa pudesse acontecer no final do ano, em função da reação à implementação das UPPs. A partir do momento em que você tem uma perda de território por parte do varejo de drogas, era um tanto quanto previsível que isso pudesse acontecer. Então, o governo deveria estar mais preparado neste sentido.
Por que o governo não se preparou para essa situação?
O governo se mostrou frágil nessa percepção. Houve pouco investimento no setor de inteligência, pouca gente trabalhando e com poucos instrumentos. Enfim, sem o investimento adequado que o governo deveria ter feito nessa área. Nesse sentido, temos não só uma ação violenta que deve ser enfrentada, mas também algumas falhas claras na segurança pública que estão aparecendo neste momento.
Que tipo de postura o governo deve assumir em ações dessa natureza?
Nós temos a tradição de uma polícia violenta e uma criminalidade com armamento muito pesado no Rio de Janeiro. Num momento de crise como este a Polícia deve estar na rua e algumas perdas são inevitáveis, infelizmente. Mas ao longo do tempo o que poderia e ainda deve ser feito é um enfrentamento ao tráfico de armas muito mais estratégico do que se tem. Hoje temos um enfrentamento às favelas e não ao tráfico de armas. Não tem nenhuma ação no que diz respeito à entrada de armas, sobretudo na Baía de Guanabara e nas estradas. O enfrentamento ao tráfico de armas é frágil, ocorre mais no destino do que no caminho. E o destino é sempre o lugar mais pobre.
O elavado número de mortos nas ações policiais demonstra uma fragilidade das UPPs?
As UPPs representam um projeto de retomada militar de algumas áreas que interessam a um projeto de cidade. Isso não é para acabar com o tráfico, é para ter o controle militar de lugares que são estratégicos para a cidade olímpica que se pretende.
Então podemos afirmar que a segurança dos jogos olímpicos é a prioridade do momento?
As UPPs, assim como as barreriras acústicas, as remoções e os muros de favelas é um projeto olímpico de uma cidade que vai ser muito excludente, uma cidade para poucos. Sabemos que o Rio vai passar por esses problemas. Onde se faz uma cidade olímpica, também se fazem cidades não-olímpicas ao redor.
Radioagência NP
Depois de inúmeros arrastões e mais de 50 automóveis e ônibus incendiados por traficantes no Rio de Janeiro, o governo do estado iniciou uma operação que contará com equipamentos de guerra. Nesta quinta-feira (25), o Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) recebeu o apoio de seis tanques blindados da Marinha para intensificar as ações nas favelas cariocas.
Desde o último domingo (20), 25 pessoas morreram e outras 150 foram presas. A Secretaria de Segurança Pública informou que 22 mortes ocorreram em confrontos entre policiais e traficantes. Em entrevista à Radioagência NP, o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol-RJ) afirma que a ação dos traficantes é um revide contra a presença das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora).
O deputado faz críticas à política de segurança no estado e questiona a falta de combate ao tráfico de armas. Ele afirma que as UPPs têm o objetivo de fazer uma ocupação militar para facilitar a retirada dos moradores das áreas consideradas importantes para a realização das Olimpíadas de 2016. A presidente eleita Dilma Roussef anunciou que implantará esse modelo de policiamento nos demais estados brasileiros.
Radioagência NP: Marcelo, o atual clima de violência no Rio de Janeiro é uma surpresa?
Marcelo Freixo: Era previsível que alguma coisa pudesse acontecer no final do ano, em função da reação à implementação das UPPs. A partir do momento em que você tem uma perda de território por parte do varejo de drogas, era um tanto quanto previsível que isso pudesse acontecer. Então, o governo deveria estar mais preparado neste sentido.
Por que o governo não se preparou para essa situação?
O governo se mostrou frágil nessa percepção. Houve pouco investimento no setor de inteligência, pouca gente trabalhando e com poucos instrumentos. Enfim, sem o investimento adequado que o governo deveria ter feito nessa área. Nesse sentido, temos não só uma ação violenta que deve ser enfrentada, mas também algumas falhas claras na segurança pública que estão aparecendo neste momento.
Que tipo de postura o governo deve assumir em ações dessa natureza?
Nós temos a tradição de uma polícia violenta e uma criminalidade com armamento muito pesado no Rio de Janeiro. Num momento de crise como este a Polícia deve estar na rua e algumas perdas são inevitáveis, infelizmente. Mas ao longo do tempo o que poderia e ainda deve ser feito é um enfrentamento ao tráfico de armas muito mais estratégico do que se tem. Hoje temos um enfrentamento às favelas e não ao tráfico de armas. Não tem nenhuma ação no que diz respeito à entrada de armas, sobretudo na Baía de Guanabara e nas estradas. O enfrentamento ao tráfico de armas é frágil, ocorre mais no destino do que no caminho. E o destino é sempre o lugar mais pobre.
O elavado número de mortos nas ações policiais demonstra uma fragilidade das UPPs?
As UPPs representam um projeto de retomada militar de algumas áreas que interessam a um projeto de cidade. Isso não é para acabar com o tráfico, é para ter o controle militar de lugares que são estratégicos para a cidade olímpica que se pretende.
Então podemos afirmar que a segurança dos jogos olímpicos é a prioridade do momento?
As UPPs, assim como as barreriras acústicas, as remoções e os muros de favelas é um projeto olímpico de uma cidade que vai ser muito excludente, uma cidade para poucos. Sabemos que o Rio vai passar por esses problemas. Onde se faz uma cidade olímpica, também se fazem cidades não-olímpicas ao redor.
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