O tema não é
novidade para os países que compõem o chamado Cone Sur Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai que têm
realidades sócio históricas que se assemelham, passado os processos de
colonização e independência dos seus senhores esse países começam a desenhar
uma nova identidade social compartilhada.
As heranças
mais recentes desses países são os processos de (Re) democratização das vias
políticas e liberdade partidária ideológica, tudo isso após suprimir demasiados
sistemas ditatoriais nos seus quadros políticos que atuaram até meados da década
de 1980.
Sabendo-se que
um sistema político ditador não dialoga, apenas ordena e pune, faz-nos lembrar
de outra herança presente na cultura latino americana que é a frequente
submissão da mulher ao homem e que de certa forma não é característica apenas
dessa região do planeta. Aqui no Brasil poderíamos nos debruçar agora sobre Casa Grande e Senzala de Gilberto Freyre.
Onde é possível analisar as condições patriarcais nas raízes do modelo familiar
desenvolvido no país, acarretando numa desigualdade de poder nas relações que
envolvem o diálogo masculino e feminino, uma submissão cobrada e executada por
toda uma sociedade (homens e mulheres) sobre o sexo feminino.
Os papeis
definidos às mulheres, são em outras categorias analisados como papeis de gênero,
ou seja, cabe a esse gênero desempenhar determinada função, no caso feminino
cabe o papel reprodutivo da espécie e uma outra série de determinações e
limitações que são característicos e permitidos/cobrados apenas para mulheres.
Por outro lado há uma cobrança social sobre o homem para que cumpra o papel de
gênero hegemônico e de força superior sobre a mulher.
Nesse sentido
mulheres historicamente sempre estiveram um passo atrás do homem e discursos como:
“atrás de um grande homem, sempre tem uma grande mulher”; “homem que é homem
não chora”; “menina não pode brincar com os meninos”; ” segure suas cabritas
que meu bode tá solto” dentre tantos outros jargões e brincadeiras incorporadas
nas diferentes culturas territoriais brasileiras reforçam a cada dia o papel
machista na sociedade que não é exercido apenas pelo homem, mas por tod@s que
compactuam dessa limitação da ordem sobre o corpo.
Não parece ser
tão problemática essa questão da separação de gênero não fosse os resultados observados
em cima do desenvolvimento dessa cultura, onde hoje no Brasil se fez necessário
termos uma lei que protegesse mulheres vítimas de violências o que culminou com
uma das leis mais conhecidas no país que a Lei Maria da Penha que trata da violência doméstica, entendendo que o Estado
não pode mais usar do discurso que “em briga de marido e mulher, ninguém mete a
colher”, o espaço privado da residência passa a ser público no momento em que
se põe em risco a integridade física, moral, material e mental de outrem.
O problema não
foi resolvido com a implementação dessa lei, pois como de costume no Brasil a
teoria e prática não são muito amigas e andam um pouco distantes. É preciso
ainda produção de equipamentos sociais que tragam mais segurança para a mulher,
onde hoje temos apenas delegacias da mulher, mas com poucas mulheres no efetivo
policial para dar conta de seu atendimento. É preciso trabalhar em programas
que diminua a revitimização, como o depoimento com redução de danos e mais
assistência às mulheres que não têm opções de independência. Ainda por cima
nossa lei não é completa, pois não criminaliza @ agressor (a) enquanto crime de
gênero, como violência de gênero. Da mesma forma que esperamos que a lei que
criminaliza a homofobia seja aprovada
nos plenários federias.
O Brasil
enfrenta sérios problemas quando o assunto é corrigir o que está errado, pois
até hoje não conseguimos abrir a caixa preta da ditadura, dando abertura ao
sentimento nacional de impunidade, onde agressores são beneficiados pelo engessamento
das leis que não nos servem mais bem como a dificuldade de aprovação de novas
leis populares necessárias e acabam recebendo anistia, dando continuidade ao
processo de violação dos direitos humanos seja em massa por via política ou
violações formiguinha, dentro dos lares ou incumbidas em discursos
preconceituosos que nos levam ao caminho da barbárie.
Encerro minhas palavras indicando a música Rosas do grupo Atitude Feminina para continuarmos nessa reflexão, bem como
sugiro a leitura do relatório: RESPUESTAS PARA LA VIOLENCIA BASADA EN GÉNEROEN EL CONO SUR: Avances, desafíos y experiencias regionales.
Gostando de ver, a volta do meu amigo Bruno!
ResponderExcluir