sábado, 30 de julho de 2011

ONU ATRAVÉS DO ESCRITÓRIO DAS NAÇÕES UNIDAS CONTRA DROGA E O CRIME (UNODC) RECONHECE VIOLÊNCIA DE GÊNERO EM PAÍSES DA AMÉRICA DO SUL.


O tema não é novidade para os países que compõem o chamado Cone Sur Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai que têm realidades sócio históricas que se assemelham, passado os processos de colonização e independência dos seus senhores esse países começam a desenhar uma nova identidade social compartilhada.


As heranças mais recentes desses países são os processos de (Re) democratização das vias políticas e liberdade partidária ideológica, tudo isso após suprimir demasiados sistemas ditatoriais nos seus quadros políticos que atuaram até meados da década de 1980.

Sabendo-se que um sistema político ditador não dialoga, apenas ordena e pune, faz-nos lembrar de outra herança presente na cultura latino americana que é a frequente submissão da mulher ao homem e que de certa forma não é característica apenas dessa região do planeta. Aqui no Brasil poderíamos nos debruçar agora sobre Casa Grande e Senzala de Gilberto Freyre. Onde é possível analisar as condições patriarcais nas raízes do modelo familiar desenvolvido no país, acarretando numa desigualdade de poder nas relações que envolvem o diálogo masculino e feminino, uma submissão cobrada e executada por toda uma sociedade (homens e mulheres) sobre o sexo feminino.

Os papeis definidos às mulheres, são em outras categorias analisados como papeis de gênero, ou seja, cabe a esse gênero desempenhar determinada função, no caso feminino cabe o papel reprodutivo da espécie e uma outra série de determinações e limitações que são característicos e permitidos/cobrados apenas para mulheres. Por outro lado há uma cobrança social sobre o homem para que cumpra o papel de gênero hegemônico e de força superior sobre a mulher.

Nesse sentido mulheres historicamente sempre estiveram um passo atrás do homem e discursos como: “atrás de um grande homem, sempre tem uma grande mulher”; “homem que é homem não chora”; “menina não pode brincar com os meninos”; ” segure suas cabritas que meu bode tá solto” dentre tantos outros jargões e brincadeiras incorporadas nas diferentes culturas territoriais brasileiras reforçam a cada dia o papel machista na sociedade que não é exercido apenas pelo homem, mas por tod@s que compactuam dessa limitação da ordem sobre o corpo.

Não parece ser tão problemática essa questão da separação de gênero não fosse os resultados observados em cima do desenvolvimento dessa cultura, onde hoje no Brasil se fez necessário termos uma lei que protegesse mulheres vítimas de violências o que culminou com uma das leis mais conhecidas no país que a Lei Maria da Penha que trata da violência doméstica, entendendo que o Estado não pode mais usar do discurso que “em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”, o espaço privado da residência passa a ser público no momento em que se põe em risco a integridade física, moral, material e mental de outrem.

O problema não foi resolvido com a implementação dessa lei, pois como de costume no Brasil a teoria e prática não são muito amigas e andam um pouco distantes. É preciso ainda produção de equipamentos sociais que tragam mais segurança para a mulher, onde hoje temos apenas delegacias da mulher, mas com poucas mulheres no efetivo policial para dar conta de seu atendimento. É preciso trabalhar em programas que diminua a revitimização, como o depoimento com redução de danos e mais assistência às mulheres que não têm opções de independência. Ainda por cima nossa lei não é completa, pois não criminaliza @ agressor (a) enquanto crime de gênero, como violência de gênero. Da mesma forma que esperamos que a lei que criminaliza a homofobia  seja aprovada nos plenários federias.

O Brasil enfrenta sérios problemas quando o assunto é corrigir o que está errado, pois até hoje não conseguimos abrir a caixa preta da ditadura, dando abertura ao sentimento nacional de impunidade, onde agressores são beneficiados pelo engessamento das leis que não nos servem mais bem como a dificuldade de aprovação de novas leis populares necessárias e acabam recebendo anistia, dando continuidade ao processo de violação dos direitos humanos seja em massa por via política ou violações formiguinha, dentro dos lares ou incumbidas em discursos preconceituosos que nos levam ao caminho da barbárie.

Encerro minhas palavras indicando a música Rosas do grupo Atitude Feminina para continuarmos nessa reflexão, bem como sugiro  a leitura do relatório: RESPUESTAS PARA LA VIOLENCIA BASADA EN GÉNEROEN EL CONO SUR: Avances, desafíos y experiencias regionales.

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Orelhão: